num piscar de
olhos
um sorriso
as celas
e cruzar
olhares,
te vejo
abrindo as portas
abrindo e
estendendo as mãos
e sem
entender
te vejo
cruzar
e cruzar e
cruzar
o grande mar
então te vejo
abrir janelas
o armário,
potes, latas,
pacotes e
mais pacotes
te vejo
cruzar e descruzar as pernas
costura um
rasgo num velho vestido
acaricia uma
peça íntima
e pensa em
mim
em mais, em
pi, em si.
Há mais
alguém.
Então te vejo
reabrir os olhos
o quarto, as
pernas
um ai, um
mais e mais:
cruza os
dedos, as mãos,
os braços
e neste mesmo
olhar o silêncio se abre
e abre novas
perspectivas.
Um rasgo aberto no peito.
No leito exposto um rasgo.
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