Quero falar de jornais e opinião. Também de governos.
Quero falar de mecanismos de controle da opinião pública. Mas não serei
prolixo, muita calma, temos que ser atentos pra não nos perder em divagações
inúteis. “
Não
há porque engordurar o texto.”
É uma forma que um professor meu de
há muito dizia quando se enchia linguiça, assim como estou fazendo agora, ele
dizia que estava engordurando o texto, era necessário um regime, cortes, hoje
uma lipoaspiração gramatical, algo assim.
Mas não é sobre isso que quero
falar, talvez até corte o que escrevi neste início porque “escrever é retirar
palavras”, Drummond assaltando minha mente. Quero falar do governo do estado de
São Paulo, da Folha de São Paulo, do Estado de São Paulo, da Fox News, etc etc
etc...
Nos Estados Unidos a imprensa é
partidária e isso faz parte do jogo, todos sabemos que a Fox é um canal ligado
ao partido republicano e não espere dele algum elogio ou apoio a opiniões
democratas.
A
Fox é o que é e está livre pra ser assim, inclusive há parentes dos Bush
controlando-a. A vida lá é assim, não que eu elogie Democratas, são todos
sujeiras da mesma bunda, Republicanos, Independentes ou Democratas. A questão é que lá as informações são
partidárias e sabemos disso, todos sabem disso e assim buscam outra emissora que
eles chamam de “liberal” ou o que for.
A própria Fox tem programas voltados
para liberais, lá é a casa dos Simpsons, do Family Guy e diversos programas que
têm a liberdade institucional de criticar a própria Fox. Isso se chama
liberdade de imprensa e é bom quando praticada com liberdade...
Sim, a liberdade de imprensa tem que
ser praticada com liberdade, senão ficamos dando voltas em torno de opiniões
bizarras, debates eleitorais engessados, espaço publicitário gratuito para
Tiriricas, Enéas, Soninhas de bicicleta.
Não estou falando de podar a
participação de quem quer que seja no processo eleitoral, acredito que as
eleições tanto aqui no Brasil como em qualquer outro lugar do mundo é um
processo imbecil e malfadado.
A
vitória numa eleição não é do melhor candidato, mas do mais votado, por vezes
do que tem a máquina pública nas mãos. Mas é o povo participando.
Podemos
dizer que é o povo participando sabendo que há manipuladores da opinião pública
rodando jornais, imprimindo livros, transmitindo novelas com valores da classe dominante?
Falei classe? Escrevi. E escrevo quantas vezes forem necessárias.
Se você tem um açougue e vende mil
quilos carne para o João, você tem no João o seu maior cliente e não vai deixar
que nada aconteça a ele. Se o João perder o emprego, for preso, tiver problemas
sérios de saúde, você perderá mil vezes vinte reais que é o preço do quilo da
carne. De uma só vez você perde vinte mil reais e, provavelmente, terá que
diminuir sua margem de lucro, demitir, fechar a filial do outro lado da cidade,
viajar menos, essas coisas de quem tem menos dinheiro.
O Governo do Estado de São Paulo compra
para cada escola do estado um exemplar do Jornal Folha de São Paulo e outro do
Estado de São Paulo, são 15.027 estabelecimentos de Ensino Fundamental,
12.539 unidades Pré-escolares e 5.923 escolas de Nível Médio, cada um
recebendo um jornal de cada.
Imagine que cada exemplar
custe cinquenta reais por mês. Então é cinquenta vezes mais de trinta mil. Este
é, mais ou menos, o que o governo dá em dinheiro para os maiores veículos de
opinião pública do estado.
Será
que recebendo tanta grana, alguém se atreveria a falar mal de Mário Covas, José
Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso e Cia limitada?
Os
jornais estão falindo ao redor do mundo inteiro, enfrentando crises pela baixa
tiragem, falta de anunciantes. A internet mudou a forma de comunicação entre
cidadão e notícia, se uma notícia do Jornal Nacional já está velha, imagine a
do jornal impresso do dia seguinte!
É
muito interessante o caso de que os jornais chegam às escolas inclusive aos
sábados e domingos, dias em que a maioria das escolas se encontra fechada e sem
ninguém para ler as notícias velhas de sexta e quinta. Estas mesmas escolas não
tem um acesso de qualidade à internet, na realidade não tem acesso algum.
Seria
muito mais proveitoso disponibilizar acesso sem fio a internet de alta
velocidade, que atenderia às exigências de formação do indivíduo enquanto cidadão,
acesso à informação livre da internet (espaço que não ficaria limitado às
páginas da Folha ou do Estado), utilização de sites com conteúdo voltado para o
saber e a infinidade do conhecimento humano acumulado através dos séculos. Não
um jornal antiquado, ultrapassado e com informação dirigida para não perder o
dinheiro de seu maior cliente.
Sem
falar que esta rede wireless poderia se estender pela vizinhança e servir para
populações carentes sem acesso.
Até
parece que os governantes nos querem ignorantes e desinformados!!!!
Será?
É
claro que isso não resolveria os problemas do mundo, nem os de São Paulo, mas,
ao menos, eu pararia de pagar (através de meus impostos) uma assinatura de um
jornal que não é notícia, é panfleto eleitoral, máquina de lavagem cerebral,
qualquer coisa que não informação.
O
jornal impresso morreu. Ponto. Apenas sobrevivem as empresas que recorrem a
mecanismos como os acima citados pra continuar vendendo papel ultrapassado.
A
imprensa nunca será livre, sempre atenderá a interesses republicanos,
democratas, tucanos, petistas, xiitas, hutus, o que for. Mas se há algo que
modificou o nosso modo de conviver com a informação é a capacidade que temos
hoje de recebê-la de diversos pontos diferentes e daí julgar no que queremos,
ou não, acreditar. Se você mora no Jardim Europa em São Paulo e estuda no
Colégio Santa Cruz, você pode fazer isso.
Se
mora na cidade Tiradentes no extremo leste da capital paulista, não. Você
recebe informação via Jornal Nacional, Facebook e novela. Quando há algum
jornal perto de você ele não noticia críticas ao governo porque está atrelado a
este por laços financeiros, sua própria sobrevivência depende do Estado.
Nunca
haverá escândalos envolvendo o governador, se houver será parcial, se não houver
jeito morrerão abraçados, para que outro veículo apoie outro imperador e assim
vai, porque assim foi, e assim é.
Até
o dia de nossa primavera, que não será árabe, e nem precisa ser em setembro, e
que não será televisionada e nem sairá no jornal do dia seguinte...
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