sexta-feira, 28 de junho de 2013

Bloquear...

BLOQUEAR A DUTRA
A FRUTA
O PORTO
O PARTO
A PUTA
A LUTA

BLOQUEAR A CHUVA
O MIJO
O NILO
A INTERNET

SÓ PRA VER SE ALGUÉM SE MEXE.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Brochismo, antibiótico e lucros

         Como tudo no Brasil a Saúde não funciona como deveria funcionar, mas não faz parte de um conjunto de ignorâncias e falta de talento para gerenciar negócios e serviços públicos. Nem se trata de falta de consciência dos gestores públicos. A questão é simples: escolhas.
        Isto se inicia já na forma como encaramos a saúde, a minha, a sua, a nossa.
       A educação da população para prevenção é pífia, no Brasil se privilegia o tratamento, não porque nós gostemos de sofrer carregando vírus e bactérias, não é maldade, sai mais caro tratar e as empresas que vendem remédios, tratamentos, hospitais e planos de saúde lucram (e muito) com doenças. Afinal, prevenção não gera dinheiro, o contrário, o economiza.
         O sistema de saúde público é administrado por entidades privadas e no mesmo hospital, não raro, percebemos realidades diferentes. Tratamentos diferentes. Escolhas.
        Não se abrem novos cursos de medicina. Falta de interesse governamental? Talvez. Mas o lobby dos conselhos de medicina impedem que a profissão de médico se popularize. Eles têm o poder de vetar a criação de novos cursos, reduzindo ao máximo o número de médicos, tornando raros esses profissionais, aumenta-se o salário. 
         Saiba: você não ganha pelo seu valor, ganha pela sua raridade. Existe apenas um Neymar, seu salário é enorme. Milhões de professores: salários medíocres. Médicos? Se houver mais, os salários cairão e a profissão perderá seu elitismo. 
        Todos deveríamos ganhar mais: professores, médicos, engenheiros, arquitetos, faxineiros, padeiros, todos. Os professores recebiam melhores salários no Brasil há vinte, trinta, quarenta anos. Mas não havia escola para todos, hoje tem. Assim como não há médicos para todos. O raciocínio não é tão difícil de acompanhar. Daí porque os médicos, cursos de medicina, conselhos e etc. são contra a contratação de mão de obra médica estrangeira.
           Ninguém está interessado no bem estar da população, estão interessados em mais grana.
       As empresas farmacêuticas também fazem lobby para a utilização de remédios e perpetuação de doenças. Desde os anos 1970 não se descobre um novo antibiótico. De lá pra cá desenvolveram-se remédios de uso contínuo, que geram benefícios e (principalmente) lucros: anticonceptivos, antidepressivos, anti brochismo, cocktail anti HIV, etc.
       A sanha por lucro não esquece os pobres e miseráveis que estão nas filas e corredores de hospitais, ignora-os.
       Os mortos, os aleijados, as crianças que recebem ácido sulfúrico na boca, as senhoras que recebem café com leite na veia, os infartos nas portas fechadas dos hospitais, os miseráveis que precisam viajar por mais de 200 quilômetros para marcar uma consulta simples são apenas subprodutos desta situação.
       Vemos este subproduto nos jornais, e torcemos por mais hospitais. Como se um prédio novo resolvesse toda a questão da saúde pública: nem prédios, nem aparelhos, nem remédios. Para o sistema funcionar é necessário uma mudança de foco: investimento em saúde preventiva, médicos de família, educação (nas escolas e fora delas), investimento em pesquisas de saúde preventiva e, a curto prazo, a contratação de médicos estrangeiros e criação de cursos de medicina nas periferias e interior do Brasil, popularizando a profissão de médico e com salários maiores aos que trabalham em locais de acesso complicado.
          Um caminho para isso seria o voto em pessoas que defendem este tipo de proposta, pessoas sem rabo preso com indústrias farmacêuticas, conselhos de medicina, vendedores de tomógrafos (verdadeiras vedetes em hospitais públicos em momento de inauguração ou nas propagandas de planos de saúde).
        Mas há mais motivos. Fico pensando neles. Quais seriam?

Drops rock 39 - Only hit wonder (parte 3)

Esse only hit wonder parece um saco sem fundo...

Adorei o texto, divido com quem interessar.

Para enraivecer mais gente e fazer ainda menos amigos...

https://medium.com/primavera-brasileira/496f8955736d

sábado, 22 de junho de 2013

Estupidismo em ação

Papa Doc
Getúlio Vargas

Baby Doc

Mussolini


Geisel







Hitler






Stalin










Costa e Silva













Todos os figuras acima têm algo em comum:
-Cantavam o hino nacional fielmente.
-Colocavam os jovens nas ruas aproveitando sua paixão e revolta, comum à juventude.
-Pregavam o culto à bandeira de seu país e um nacionalismo ferrenho.
-Eram contra os partidos políticos.
-Foram todos ditadores, fascistas, nazistas, assassinos autoritários que se locupletaram da vontade popular e se fizeram de voz do povo.

Antes de gritar contra os partidos políticos respondam:
-Você participa das sessões abertas da Câmara dos Vereadores da sua cidade?
-A sua cidade tem orçamento participativo? Você participa?
-Quanto tempo por semana você gasta com discussões políticas em família, com os amigos, na fábrica, na empresa, no escritório, na escola, faculdade?
-Você já leu e discutiu a Constituição do Brasil?
-Quem são os vereadores da sua cidade? Os Senadores do seu estado? Os deputados federais e estaduais que te representam?
-O que é uma Democracia Representativa?
-Aposto que algum professor em algum momento, na sua vida escolar propôs ou propõe temas assim para debate. E como ele é recebido? 
-Qual a diferença histórica entre direita e esquerda?
-Qual a diferença entre direita e esquerda no Brasil?
-Por que o vice do Alckmin é ministro da Dilma? (Quais relações políticas levaram a isso?)
-O que levou o Brasil por este caminho imbecil, este fracasso do poder público, esta crítica acéfala?

            Sou a favor da luta por igualdade social e perdi a conta de quantas vezes fui às ruas gritando por meus direitos. Não sou um neo-brasileiro como os que vejo por aí. (O Brasil acordou?) O que vejo é uma turba descontente guiada pelos clamores da casse média, a mesma classe média fascista que gritava Anauê no início do século passado, o Integralismo paulista em ação. 
            Se avizinha um golpe. 
            O mesmo que de forma "popular" varreu do cenário político Fernando Lugo no Paraguai. 
            Querem varrer as conquistas sociais dos últimos anos pra debaixo do tapete (não venham me chamar de conformista ou petista: eu sou testemunha da história, sei como era o Brasil da minha infância, da minha adolescência, sei como é o Brasil de agora. O PT se prostituiu, mas foi a ferramenta de muitas mudanças severas, mudanças essas que possibilitaram que muitos dos que hoje recebem auxílio do Prouni, por exemplo, possa hoje ir às ruas e queimar a bandeira do PT.).
            Temo muita coisa na ditadura, nasci dentro de uma, sei como funcionam as coisas: sem pensar, sem agir, sem falar. Textos como este que agora escrevo seria um caso de polícia. E eu desapareceria, sou pobre, seria encontrado numa vala comum e misturado a outros ossos. 
            Hoje, você pode discordar de mim, odiar e parar de ler o que escrevo, mas a democracia é como uma represa, um pequeno furo pode levar tudo água abaixo. 
           Percebo uma rachadura nesta represa no grito: Sem partido. Outra rachadura: o hino repetido à exaustão. Outra: as patrulhas ideológicas. Outra: o apoio da mídia. (Não se engane, a imprensa está apoiando - já vi mais de cinquenta mil professores na Paulista e noticiarem dois mil; hoje sessenta pessoas fecham uma rodovia e é noticiado em rede nacional.  Ninguém me falou isso, eu vi).
           As vias democráticas estão abertas, e o que é mais irônico, o que as está fechando são estas passeatas mal dirigidas, mal digeridas, mal finalizadas.
           Mal dirigidas porque ninguém sabe onde vai (metaforicamente e denotativamente).
           Mal digeridas porque não dá tempo de sentir o que se quer, ninguém dá tempo de nada acontecer e já se organiza outra, já se quebram coisas, já se atacam prefeituras constituídas pela vontade do povo, assim como está na Constituição tão defendida por todos (afinal, não estão cantando o hino?).
          Mal finalizadas porque ninguém encaminha nada, nenhuma reivindicação prática, nenhuma proposta de ação. Apenas aproveitadores quebrando e quebrando e se preparando para quebrar mais. Utilizando o povo, novamente, como massa de manobra. A BURGUESIA NÃO ME REPRESENTA.
          Da última vez que instalaram esta atmosfera de medo o Brasil entrou num período de 21 anos de ditadura. Derrubaram um presidente, cassaram os direitos políticos de todos, destituíram o congresso e a população aplaudiu a "Revolução de 64". Aplaudiu sim, poucos lutaram pelo restabelecimento dos direitos, muitos dos que lutavam queriam outra ditadura, copiando o fracassado modelo soviético.
          Espero que não seja o caso. Espero estar totalmente errado. Totalmente louco. Espero estar falando um monte de merda mesmo. Acho que estou. Afinal eu sou o que sou: um grande estupidista.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Minha ideologia: O estupidismo


          Eu sou um estúpido.
          Sou um grandessíssimo estúpido.
         Não sou um ignorante, ignorante vem da palavra ignorar, eu não ignoro. Não ignoro o outro, não ignoro os outros, não ignoro eu mesmo, meus anseios, minhas vontades. Nem os movimentos sociais das redes sociais. Mas sou um estúpido. Um burro.
         Algumas coisas não consigo entender e admitindo minha total falta de capacidade em compreender, comecei a escrever desde cedo, sou escritor, mantenho este blog, me formei professor, estudo arte, história, filosofia, geografia, biologia, antropologia, ciências naturais diversas, em cursos universitários ou por conta própria, e cada vez entendo menos. Sabe-se lá o motivo. Eu cada vez sei menos.
          Ao contrário de algumas pessoas cheias de certezas, cheias de convicções e paixões. Eu leio, leio, leio, debato, estudo, participo de conferências, palestras, seminários e cada vez sei menos. A cada livro fechado menos certezas eu tenho.
         Pois bem, gostaria de compreender o que se passa, tenho minhas opiniões e ao longo de uma semana de meu último artigo neste blog, algumas coisas mudaram em minhas opiniões, mas o grosso dos meus argumentos continua o mesmo.
         Fundo então minha ideologia, não sou comunista, nem socialista, capitalista eu (???), não sou burguês, não sou tecnocrata, não sou anarquista, não sou esquerdista, não sou direitista, sou um estúpido, logo: um Estupidista.
         E como bom Estupidista que sou, gostaria de dividir minhas dúvidas com o paciente leitor e, jogando-as ao vento, quem sabe alguma luz, que me leve a outras dúvidas, me tornando assim cada vez mais o que eu sou, um grande estúpido.
*como pode um movimento popular ser composto em sua maioria pela classe média? Meninas de Wellaton na cabeça e creme Nívea na cara, rapazes com camiseta Gap comprada em Nova York.
*se essa classe média tomasse o poder teríamos uma ditadura...  do proletariado?
*o prédio da FIESP iluminado dando apoio aos protestos. Os empresários apoiando?
*a imprensa insistindo em estar ao lado do movimento. A imprensa está ao lado da revolução?
*abaixo os partidos políticos. Todos eles? Onde estão os líderes de partidos a defender sua manutenção e importância? Expulsá-los é democrático?
*retirar a polícia e deixar o povo se foder é a melhor solução?
*o PT foi inútil? Melhor seria o PSDB? Melhor seria reestruturar tudo? Como? De que forma? PMDB? PSB? PV? DEM? PQP!!!
*os políticos são líderes. Eles não se manifestam?
*ontem aprovaram o projeto da "Cura" gay. Sem protestos?
*abaixaram o preço do ônibus: quem é que vai pagar por isso? (Aguarde IPTU, ICMS...)
        Ninguém que se sente incomodado deve calar e aguentar. Mas ser mobilizado pelos meios de comunicação de massa, que estão se apropriando do movimento, é perigoso. 
        Como grande estupidista que sou, não sei de nada, mas me incomodo com tudo. Estávamos deitados eternamente em berço esplêndido, tomara que estejamos acordando e continuemos acordados. E que o despertador não seja a Rede Globo. E que o povo de fato esteja nas ruas: pobres, classe média, vândalos (sim, até eles: o que é o roubo às lojas Claro, Marisa e Ponto Frio perto do assalto dos altos juros nas compras a crédito e alta tarifa dos serviços de telefonia - vandalismo é o que o governo Alckmin fez no Pinheirinho). Todos à rua e Pau no cu dos ricos.


Tá acontecendo...

Está acontecendo, se não conhece, dá uma conferida no filme...

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Entender mais

Quem diria que seria a classe média quem lutaria por nós.
Protestos de brasileiros em Berlim, Nova York, Dublin, Boston, Los Angeles, Montreal, Alto de Pinheiros, e as periferias dos grandes centros urbanos em silêncio. 
Não me levem a mal, não estou contra, mas é irônico e eu queria entender mais.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Drops rock - Only hit wonder (wonder?)


Tarifa do busão, playbas e Erundina

           Mais uma vez um artigo pra enfurecer a direita, enraivecer a esquerda e não fazer nenhum amigo. Mas vou dar minha opinião, quem quiser que faça o mesmo.
         Estava em São Paulo ontem, dia 13/06/2013 e presenciei parte do que aconteceu, portanto me atrevo a dizer que concordo com os protestos contra os altos preços do transporte público, mesmo tendo sido um aumento abaixo da inflação e mesmo sabendo que foi nas mãos de Maluf, Kassab e José Serra que a passagem de ônibus teve os maiores aumentos da história.
          O que fico preocupado é que não acredito que o protesto seja pelo aumento da tarifa. Vi bandeiras de partidos de esquerda, vi playboys de Nike no pé, vi a imprensa marrom levando borrachada da polícia, vi muitos bêbados, garrafas de vinho vazias, fedor de maconha. Não fiquem chocados, também vi uma grande parcela de jovens lutando por um direito básico: o de ir e vir.
         Há muito tempo que falo a meus alunos (sou professor) que uma passagem tão cara é um ataque a este direito. Mas o que me indignou de fato foi numa ocasião em que precisei pegar o metrô em São Paulo pela manhã. Me senti violentado, agredido. A lotação beirava o absurdo e a passagem a um preço pra lá de abusivo.
         A classe média (a de verdade, não "a classe C" pregada pela mídia), bom, a classe média foi às ruas. Mas as reivindicações não se resumem ao preço da tarifa. Esta faixa da sociedade foi a grande prejudicada pelas políticas do governo, ou antes, são as menos prestigiadas: é o pessoal que não recebe subsídio pra comprar casa, paga a escola do filho (nessa escola paga o lanche, o material didático, o uniforme, os passeios), a prestação dos carros, o IPTU altíssimo, não recebe bolsa família, tem que registrar a empregada doméstica, não tem cotas para entrar na faculdade, não tem direito a PROUNI.
          Mas também fazem parte do Brasil, essa classe era a queridinha da mídia até o final dos anos 90, com o advento da última década foi trocada pela falácea que é a Classe "C", os programas do governo com o apoio da mídia ajudaram a criar uma consciência coletiva de aceitação, pensávamos todos que estávamos bem, mas nunca estivemos.
          A falta de educação, o desrespeito pelo estado de direito que eu, como professor, sofro diariamente pelo meu contato com adolescentes sem respeito, sem limites, sem consciência do bem comum, que não veem nada além do próprio nariz, (é!) este desrespeito foi pra rua. Aliado a ele muitos, mas muitos jovens querendo, de fato uma passagem mais barata, ônibus gratuito: e é possível. (Quase aconteceu na época da Erundina, "velhos tempos").
          Eu sei que existem muitas nuances numa multidão e que a polícia exagera, exagerou. Mas fala sério: ver uma repórter da Folha levando um tiro de borracha da polícia não tem preço. A Folha de São Paulo, tucaníssima, o mesmo jornal que não notícia a greve dos professores, assina embaixo tudo o que o governo tucano faz, pro bem ou pro mal. Nunca amei tanto a polícia. E todo Partido da Imprensa Golpista junto. (Três semanas de greve dos professores, 50 mil professores por semana em passeatas e nenhuma notícia publicada, apenas pequenas notas de rodapé) Imprensa livre? Onde? 
          Vocês levaram balas de borracha? Os jovens da periferia não tem essa chance. Foram presos e soltos uma hora depois? Alguns dos meus vizinhos jamais retornaram.
            Há jornalistas que buscam a verdade e, no Brasil, são mortos, silenciados. Ontem mesmo (13/06/2013) morreu um dono de jornal alvejado com 44 tiros à queima roupa. E estão chocados com os protestos?
          A polícia exagerou? É óbvio. Como quase sempre, mas vão ficar ofendidinhos por quê? Ah sei! Porque dessa vez o jato de pimenta foi na cara de um vendido, um playba, um burguesinho segurando uma câmera pra esconder mais que mostrar.
         O transporte público é um direito e não deveria estar nas mãos de grupos privados, assim como estradas, hospitais, portos, aeroportos, linhas de telecomunicação, tudo o que faz um país grandioso e seu povo mais digno.
         Mas prestem bem atenção: essas bombas já estão estourando nas periferias há muito tempo, dentro das escolas, nas vielas escuras das favelas. Há ônibus sendo queimados, jovens sendo agredidos e as balas não são de borracha e nenhum jornalista da Folha aparece pra se pôr entre a bala e o baleado.
          É estranho o que vou dizer, mas o ônibus queimado da periferia é muito diferente do ônibus queimado na Avenida Paulista. Triste.
          Desculpem quem acredita em fadas. Agredidos diariamente dentro de ônibus lotados, com o dinheiro dos impostos gastos aos bilhões em estádios de uma copa feita para ricos ficarem mais ricos a custa de pobres cada vez mais pobres, uma guerra do tráfico acontecendo, "craqueiros" ocupando todo o centro de São Paulo e Rio de Janeiro. E muito, muito mais. Todo mundo quer uma vitrine para 2014. Estou especulando, mas nem falei o nome de ninguém.
          A classe média foi às ruas, acompanhada, mas foi. Isso talvez assuste. Mas é o que ocorre quando alguém se sente injustiçado: protestos. E é o que acontece quando o nível educacional está abaixo do nível financeiro: violência.
          Em suma: o que vi foi uma reivindicação justa, feita por estudantes pequenos burgueses, apoiada por partidos de esquerda e setores outros da sociedade, reprimida violentamente pela polícia e distorcida por quem tem o poder de distorcer. Gostem ou não, é o que acontece.
          Não existe almoço de graça, mas o ônibus deveria ser. Porém não é pelo ônibus que lutam os embriagados, os lideres do partido da esquerda canhota, a imprensa direitista e tacanha, a própria direita, enfim, o pessoal que aprendeu o caminho da Paulista, mas nunca o das bibliotecas.
           Junto ao pessoal que quer um país melhor, luta corretamente. Mas que acaba servindo como lenha da fornalha acesa pela burguesia. Serão queimados com suas boas intenções. 
            Longe de mim querer desconstruir qualquer luta social, repito, acredito nas boas intenções de grande parte dos que protestam, mas falta a mim o convencimento. Também não quero convencer ninguém, somente quero incomodar. Pensar junto, nem sempre igual. Fazer o que qualquer militonto poderia fazer e não faz: "pensar por conta própria e parar de repetir, como um papagaio as faláceas da imprensa, da falsa esquerda, da tosca direita, do Caetano e do Lobão.
             Vamos às ruas. Mas como?                    

domingo, 9 de junho de 2013

Bolsa estupro


           Era só o que faltava: depois da bolsa crack que só beneficiará entidades particulares, bolsa celular que vai diminuir os preços de um produto que até mendigo possui e bolsa presidiário que auxilia familiares de presos. 

          Agora as entidades religiosas resolveram bater mais forte e lutar por algo mais bizarro: A BOLSA ESTUPRO:

            É daquelas imbecilidades tão imbecis, que se ninguém prestar bem atenção é capaz de passar e (vou ser bem maldoso) não duvidem que mulheres de bem declarem-se grávidas de um estupro com o objetivo de abiscoitar um nasco desta graninha.
          (ps. sou a favor do Bolsa Família e da situação de bem estar social, mas o que as entidades religiosas estão buscando não tem nada a ver com isso, tem a ver com um pensamento reacionário e retrógrado de todo um setor religioso que não tem nada a ver com a religião que tanto faria bem às pessoas se fosse, de fato, um pensamento religioso.)

Protestos na República dos Bananas, by Mauro Marcel


Luta sem classe, by Fábio Sant'Anna

Lobão, anos 90 e Macunaíma

           Acabo de ler o livro do Lobão e não me contenho em rabiscar algumas linhas a respeito do "polêmico" Manifesto do nada na terra do nunca.
         Queria vir do começo e o começo vem anterior à leitura do livro. O começo está nas aspas da palavra polêmico do parágrafo acima, pois foi um livro que muitos não leram e mais que muitos falaram mal. Topei o desafio do lobo e li.
          Segundo o autor o seu manifesto é um ótimo mote para tomar uma cerveja e abrir discussões, ampliar horizontes.
          Eis-me aqui lobo mau, convido-o a uma cerveja e como sei que não aparecerá, abro-a aqui e bebo só. Seu gole dou ao santo.
          Primeiro quero tratar do seu título: quem falou que você é o nada? Não que seja um elogio, segundo você mesmo: um hitmaker com mais de duas dezenas de sucesso, repórter, escritor, shows lotados, conhece todo o Brasil, já morou em Los Angeles. Se você é o nada, que dirá de mim que nem toco gaita direito, nunca saí de Guarulhos, tenho parcos textos publicados e não tenho o mercado editorial a meu favor pra concorrer a um prêmio Jabuti. É Lobão, o seu ser nada é só retórica.
          Mas o restante me agradou muito, exceto a sua carta ao Oswald de Andrade, de extremo mau gosto e sem propósito. Mais certo seria uma carta aos péssimos leitores de Oswald, os que o leram e não entenderam nada, e e mesmo assim o interpretaram e passaram adiante de forma feia e tosca. O Manifesto Antropofagista é um deboche e Oswald o via assim, assim como o Macunaíma não pode ser lido como um elogio à preguiça ou displicência. Ambos são o que são: textos literários e, Lobão, com licença, você não faz literatura: manifesto, biografia e música. Aí o nada o beira.
            Pra discutir um texto literário tem que ser literato, ou antes, analisá-lo com as ferramentas adequadas. Fazer como fez é como usar um arpão pra pescar uma sardinha, uma machado pra colher uma rosa.
          Mas falando do Brasil, concordo com a sua leitura que é óbvia e que ninguém quer comentar, o rei está nu, mas tem muita gente ganhando com isso. Mesmo com a nossa guerra civil particular em que 110 mil mortes violentas não geram atitudes políticas apenas mais programas televisivos violentos mostrando as faces da morte em horário nobre, empresas de segurança, políticos prometendo mudança, traficantes ganhando poder, milhares morrendo, ninguém sendo preso, nem ricos, nem pobres.
          50 mil assassinatos sendo que 10 mil já podem ser considerados uma guerra civil, mais o bônus de 60 mil mortes no trânsito, o mais violento do mundo, o mais violento porque não pune ninguém.
          Dessa forma caminha seu texto, porque assim é o Brasil. Aprendi muito quando você falou sobre música, a paumolecência do rock nacional. São seus melhores momentos no livro, quando fala sobre música: a cambada do sertanejo universitário. Você sabe do que está falando quando diz o que diz sobre este ritmo (?) e quando discorre sobre a máfia do dendê, a MPBização da música. Nada disso novidade, mas tudo muito certo.
             Até eu escrevi um texto sobre isso neste blog "A cabeça do objeto" há uns dois meses tratando do Funk, da farsa dos ritmos universitários. Você acerta no que diz e vai além, põem a coca cola na garrafa e vende. Mais uma prova que você não é o nada: eu falando tive meus parcos leitores, você ganhou uma grana com isso e com o bônus: ninguém pirateia livro no Brasil. Vendeu e vende. Parabéns.
             Querer matar a presidência é uma boa, os motivos são corretos, mas já falam disso desde Lincoln, a comissão da verdade deve ser mais discutida, boa sacada. Tem um filme on line chamado "Reparação" que ajuda bastante no debate e outro "O dia que durou 21 anos" que faz um contra ponto. Tudo não tem dois lados, mas vários. Acredito que a esquerda queria um golpe, só não acredito que o golpe da direita foi fruto disso, há documentos que provam o contrário.
           Discutir isso agora é que é um problema, fato: os anos 90 foram muito mais violentos que o período da Ditadura Militar. Também há documentos que comprovam isso. E se não bastarem os documentos, havia eu adolescente na periferia de Guarulhos com um cadáver por dia, uma chacina por semana, vários Carandirus ocultos. Vamos abrir os arquivos dos anos 90, quantos amigos meus foram mortos pela polícia, quantos policiais foram mortos por bandidos (pais de família com um revolver calibre 38 e sem colete a prova de balas), quantos meninos de 12 anos foram sequestrados e mortos para vingar a morte, a prisão de alguém.
            Quem vai indenizar as mães que perderam seus filhos nas chacinas semanais dos anos 90?
           Isso vai muito além da masturbação mental de discutir anos de chumbo, ditadura, ditabranda... Isso vai na direção de se discutir uma mudança de paradigma. Matava-se por um por um par de tênis. E o agora? Fruto desse ontem? O agora é Full HD. Não temos manifestantes, não queremos crescer, mas temos manifestos surgidos atrás das paredes de condomínios. Atrás da tela brilhando uma comunidade virtual.
               Em suma, bom livro para um país que traficante cheira, puta goza e Caetano é intelectual. Sou mais você falando que ele, e o que é pior, sou mais você cantando e escrevendo também...
           

domingo, 2 de junho de 2013

Indenização na República dos Bananas, by Mauro Marcel

Há que se tomar cuidado com todas as vertentes de patrulhas ideológicas...

http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2013/04/ministro-anuncia-premio-e-aposentadoria-campeoes-mundiais.html

Livro: A cabeça do objeto, de Mauro Marcel (trecho)

Capa de Élio Moreno para "A cabeça do objeto"

Meu próximo livro a ser lançado em breve.
A CABEÇA DO OBJETO
Não perca.

Trecho de "A CABEÇA DO OBJETO"

[...]No meio do primeiro gole escutei uma freada de carro na porta do bar. Uma caravan quatro portas encostou bruscamente e de dentro saltaram quatro homens apontando armas grandes e pequenas. Nunca consegui diferenciar uma automática de uma pistola, sabia que elas matavam e como todos no bar também sabiam, ao verem os homens invadirem o local atirando, começamos a pular como pipocas.
Alguns se jogaram ao chão, outros para trás do balcão, dentro do banheiro, embaixo da mesa de bilhar, embaixo da mesa onde jogávamos dominó. Muitos tiros e só eles.[...]