No mundo sempre há alguém enrabando alguém, nos países capitalistas o capital sempre enraba o povo, no socialismo é o estado o enrabador.
Nos Estados Unidos a saúde é privada, funcionando ou não, eles sabem a quem reclamar quando algo não está certo; em Cuba a saúde é pública e quando não funciona sabe-se a quem recorrer.
E nem precisa o Estado ser socialista para a saúde ser pública, como no caso da Inglaterra, em que há o sistema de saúde universal: com problemas se recorre às ouvidorias.

No Brasil a saúde (que reza a constituição, deve ser um direito de todos) o acesso à medicina nem é público nem é privado. Pagamos impostos para ter médicos quando precisarmos, e pagamos convênios para não precisarmos dos médicos públicos.
O caso é que somos enrabados pelos convênios particulares que nos deixam na mão quando precisamos e pela saúde pública que no Brasil é sinônimo de ineficácia.
E isto acontece com tudo por estas bandas: bancos, estradas, transporte, educação.
É sabido que no Brasil a educação é melhor nas escolas particulares, mas pagamos impostos que financiariam uma educação de qualidade.

O cara é votado pra defender os direitos do povo, mas no caso os interesses particulares, seus interesses, vão de encontro aos interesses mais urgentes da população.
Assim temos o nosso capitalismo de araque: um tremendo gang bang em que nos passam a mão na bunda, voltamos monotetos pra casa e sem comer ninguém.

No Brasil tudo funciona, engana-se quem pensa o contrário. Há uma política de organização do estado para servir a interesses particulares, e de controle ideológico para fazer a população não se incomodar com isso.
Por isso ficamos tão entretidos com os espelhinhos e bugigangas que nos trouxe Cabral, assim como ficamos entretidos com os celulares que nos trouxeram Steve Jobs e coreanos, chineses e o camelô da Santa Ifigênia.

Uma lei que tramita no congresso e está pra ser aprovada limita o acesso a apenas 40% dos acentos para a meia entrada, e apenas carteirinhas de instituições oficiais, como a União Nacional dos Estudantes, por exemplo.
Apenas duas ou três instituições poderão emitir carteirinhas de estudantes, quem quiser ter a sua terá que pagar (o preço que eles estipularem, cobrado de estudantes, muitos deles carentes). Os professores estão excluídos dessa história, haverá uma lei federal que passará por cima de qualquer lei municipal ou estadual.

Os salafrários que propõem esta lei servem a vários lobbies.
Entre eles o dos cinemas que se dizem prejudicados com o excessivo número de carteirinhas falsas, que a regularização das carteirinhas reduziria os preços dos ingressos, porque assim somente estudantes de verdade pagariam a meia entrada. O que é uma lavagem cerebral descabida.
O preço de shows aumentou porque os cantores não vendem mais discos.
O preço do cinema aumentou porque há DVDs piratas.
Tudo isso mais os downlados ilegais.

Quer dizer, não dá pra piratear o teatro. Não como pirateiam o cinema e a música. Impossível fazer download de uma experiência teatral.
Querer tirar dinheiro da população que paga meia pra compensar a pirataria é obsceno. E pior ainda: com a desculpa de que isso vai baratear o preço. Meus amiguinhos, isso aqui é o Brasil. O maior gang bang do mundo.

Fernando Meireles que ouvi dele a frase: "quer liberdade artística vai escrever um poema, não fazer cinema".
Pois é, o cinema é uma indústria. E nos Estados Unidos é tratado como tal, lá e na Índia também. O produtor investe dinheiro e quer retorno.


O que eu quero dizer é que o Brasil é o único país do mundo, ou um dos poucos, em que um filme não precisa gerar lucro. O diretor não deve nada ao produtor, que não deve nada a ninguém. O filme não precisa ser assistido por nenhuma via'alma, porque já foi pago e com dinheiro dos nossos impostos.
Uma vez eu fui a uma exibição do filme "A hora da estrela" da Susana Amaral. Houve uma entrevista com a diretora ao final da exibição e um idiota se levantou (um idiota bem intencionado) e disse que enquanto uma diretora maravilhosa como a Susana tinha dificuldades pra gravar, o governo investia dinheiro pra filmar filme espírita. "Uma vergonha".
Acredito sim em muito deste argumento, mas o cinema tem que passar o que o povo quer assistir e ponto.

Onde eu quero chegar com isso? Simples. Nós deveríamos assistir a filmes nacionais de graça. Isso mesmo, sem pagar nada. Porque já pagamos por eles em forma de impostos, também àquelas peças teatrais financiadas pelo governo federal a custo de 300 reais a entrada, também aos shows obscenamente caros.

Isso explica um pouco, mas não tudo, é claro que arte não é apenas lucro. Mas se enganam quem pensa que tudo que é arte é cultura e que tudo em cultura é arte.
Um escritor não é escritor quando escreve, mas quando publica e é lido; pra ser lido alguém tem que pagar pelo seu livro e este autor tem que estar preocupado sim com a recepção da sua obra. Não se moldar ao público, mas perceber se é ou não aceito. Um livro que ninguém leu não é um livro, é um objeto pra juntar poeira e alimentar o ego do autor. Filme, música, teatro, cinema, idem.

Compensação que nem é dado, é algo que já foi pago no país com a maior taxa tributária do mundo civilizado. Quando vemos um filme no cinema produzido com financiamento público e pagamos pelo ingresso, somos enrabados duas vezes. Se pagamos meia entrada, compensamos, mesmo que de forma irrisória isso.

Dinheiro suficiente pra fazer um filme, acho que até já sei um bom nome: Enraba o brasileiro, ele nem reclama.
Muito bem colocado seus argumentos. Essa questão de pagar meia entrada acredito que não favorece ninguém. Nós pagamos meia do dobro do ingresso. Ou você acha que uma entrada de cinema deve custar R$18,00 ou R$20,00? Só o que eles vendem de pipoca e refrigerante já bancava o filme.
ResponderExcluirCom relação aos filmes, existe um mercado de filmes Cult. Eles estão ganhando até pra fazer filmes pra que as pessoas não assistam. A captação de dinheiro público para obras artísticas já virou o samba do crioulo doido. Como você bem disse, os caras só falam do dinheiro, pouco importando a obra em si. Creio que deve haver um comprometimento dos produtores que captam dinheiro público em exibir o fruto do trabalho para a população e esta, possa analisar se o seu investimento valeu a pena.
PS: Quem vai pagar R$7,50 pra ver teatro na praça Roosevelt é pra ver gente pelada mesmo viu. Não tem nada a ver com o preço e nem com qualidade artística. É puro fetiche.
Abraços.
Obrigado pelo comentário.
ResponderExcluirÉ verdade, pagamos o dobro, por isso também torna-se lícito a compra de DVDs piratas em camelôs. Deveriam abrir mais cinemas, incentivar a indústria cultural com recursos privados, incentivar o pequeno produtor de arte, facilitar a vida do grande produtor artístico e nunca NUNCA mexer em direitos conquistados.
E o pior é que vamos perder a nossa meia entrada, não vejo ninguém se mobilizando.
Acho que é porque agora tem muito mais gente fazendo em cursos universitários, quando era para poucos podia, agora que pobre paga meia, não pode. Sempre assim. O próximo passo é retirarem o direito de quem tem curso superior a aguardar o processo preso em cela especial.
Nos enrabam. Assim simples.
O quye mais me deixa chateado com a captação de recursos é que justamente quem tem uma máquina na mão é que consegue financiamento. Os filmes que a Rede Globo lança nos cinemas por exemplo vem eivado de patrocínio do Governo. Será que tal instituição - A Rede Globo- não tem recursos suficientes para arcar seus projetos? Duvido. Isso deveria ser proibido.
ResponderExcluirO que é permitido e antiético deveria ser proibido, mas fica a questão do mérito...
ResponderExcluirA renúncia fiscal beira o absurdo, não se enganem com o nome de empresas privadas como co-produtoras de filmes.
ResponderExcluirFaz parte do discurso dos captadores de recurso o montante que a empresa não pagará de impostos investindo no produto cultural, no caso o cinema, num filme que ninguém vai assistir. Mesmo algum filme que ninguém vê, sendo bom às vezes.
Stanley Kubrick e Hithcock cansaram de investir dinheiro do próprio bolso pra fazer cinema. No Brasil isso não acontece. É dinheiro dos outros investido - no caso dinheiro público.
Grandes 💩💩
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