segunda-feira, 11 de março de 2013

Anos 80 - a era das ombreiras

            
            Eu estive lá e posso afirmar algumas coisas:
          Ombreiras estavam na moda eram muito sofisticadas, a maior banda do rock nacional no início dos 80 era a Blitz, no fim Legião Urbana, hoje nem uma, nem outra.
          Os jovens vestiam calças bag com a cintura quase no pescoço.
          Keep cooler era a bebida que os meninos compravam e davam pras meninas beber: tinha cara de refrigerante, gosto de refrigerante, descia fácil e deixava as meninas mais fáceis ainda.
          Houve uma coisa chamada verão da lata. Foi o sonho dos surfistas.
          Paulo Ricardo era o máximo.
          Chacrinha era o mais assistido programa de TV.
          Era moda vestir verde limão, rosa choque e azul piscina.
          Fábio Júnior, José Augusto, Rosana, Cátia, Sidney Magal, e por aí vai.
          "Não se reprima" do Menudo era hit.  
          O que falar de brazilian boy bands como Dominó e Polegar. E girl bands como Banana split?
          Havia um programa chamado "Viva a noite" na TVS (SBT atual) apresentado pelo Gugu. Todos ficavam até tarde acordados esperando pelo quadro sonho maluco.
          Não existia balada, existia salão, baile, festa... (era a mesma coisa)
          A inflação fazia todo mundo correr ao mercado pra comprar tudo no dia do pagamento, ficar com o dinheiro no bolso era perder dinheiro.
          O sonho de consumo tecnológico era um Vídeo Cassete Semp Toshiba de quatro cabeças, afinal, "os nossos japoneses são melhores que o dos outros".
          As crianças queriam um lango lango e um go go ball.
          A Mara Maravilha era a resposta do Silvio Santos frente a global Xuxa.
          Ely Correia assustava as criancinhas com o quadro radiofônico: Que saudade de você!
          Roberto Carlos desfilava as canções horríveis que deu a ele a eterna fama de cantor ruim, mesmo tendo sido espetacular nos anos 60 e muito bom nos 70. O Roberto foi assassinado pelos 80.
          Os japoneses iam embora pro Japão. 
          Se um menino fosse agredido na escola ninguém chamava a isso de bullying e se ele chorasse porque apanhou apanhava de novo em casa e os amigos o chamavam em coro de "viadinho, viadinho, viadinho".
          A hortência posou nua pra Playboy e nem existia photoshop.
          O "Perdidos na noite" programa do Faustão era, sim, muito bom. Assim como o "Matéria Prima" do Serginho Groisman.
          O dinheiro era um Cruzeiro que virou Cruzado que virou Cruzeiro, Cruzeiro Novo, Cruzado Novo, Cruzeiro de novo, Cruzeiro Real...
          Acha que a vida é ruim? Nos 80 o presidente do Brasil era o Sarney e depois o Collor. Ah é, começou com o Figueiredo.
          Tinha um chiclete chamado Ploc Monster com transfer. Também a figurinha com tatuagem e o boato que dava câncer.
          Nunca ninguém achou a faca dentro do boneco do Fofão. O que era o fofão? Era um personagem de TV: um boneco feio pra caramba com testículos no lugar de bochechas. Era um personagem infantil.
          Passavam comercial de cachaça e cigarro nos intervalos de programas infantis.
          Os Trapalhões era o programa mais legal que existia. Até chegar hoje e descobrirmos que o que eles faziam era racismo e homofobia. Mas e daí? Era mesmo muito engraçado.
         Se você queria um telefone na sua casa tinha que entrar num plano de extensão da Telesp. Depois pagar uma fortuna pela linha e ter, depois, um serviço de péssima qualidade. Aliás, a linha era uma propriedade, tanto que constava como tal na declaração de Imposto de Renda.
          Os professores podiam puxar as orelhas das crianças. Depois surgiu o Estatuto da Criança e Adolescente. Aí a festa acabou.
          Jornal em banca era o Notícia Populares e na televisão  "O povo na TV".
          Você podia ligar ao vivo no programa do Bozo e mandar ele tomar no cu.
          As mães diziam pras crianças não sentarem no banco do ônibus assim que alguém levantasse ou podia pegar Aids.
          O "show de calouros" revelou Sérgio Malandro, Mara e Pedro de Lara lá lala lala lala la.
          Os Showmícios eram permitidos. Eram a balada eleitoral.
          O Atari era o Xbox da época.
          Havia uma chacina todo fim de semana e os jornais mostravam os cadáveres in loco e ao vivo (o morto).
          Se você juntasse dez tampinhas de pepsi podia trocar por um copo dos trapalhões, aí você podia beber mais pepsi e juntar mais dez tampinhas pra trocar por outro copo dos trapalhões e beber mais pepsi...
             Mano e da hora ainda eram gírias da hora.
          Os cabelos não eram lisos e usar aparelho nos dentes era coisa de criança. De criança que seria discriminada na escola, chamada de boca de lata.
          Não existia Funk, mas existia Lambada.
          Não existia Internet e tudo era mais lento, e ninguém era mais inteligente por isso. Hoje há internet e tudo é muito mais rápido e ninguém é mais burro por isso. 
          O autor da moda era Stephen King.
          O filme: Exterminador do futuro.
          Mandala, Roque Santeiro e Que rei sou eu eram as novelas.
          E pra ouvir o "Apetite for destruction" do Guns'n roses tivemos que esperar pelos anos 90.
          Acreditavam que mundo acabaria no ano 2000.
         Mas o que acabou foi o bom gosto, as perspectivas e o senso crítico em uma década chamada de perdida durante os 90. 
                 


2 comentários:

  1. Nossa!!! Um texto bacana e despretensioso... Quem foi que escreveu??? Olha Mauro eu estive nos anos 80 também (por menos tempo que você é claro) e tenho uma saudade boa dessa época. Como você bem disse, as coisas eram mais lentas e a vida passava mais devagar. Era um tempo de gente colorida, bufante e cafona, porém, creio que tínhamos mais contato de gente com gente. Naquela época nós conhecíamos até os vizinhos, dá pra acreditar? Fazíamos amigos na rua, pode?? Acho que estamos velhos...
    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Às vezes ninguém acredita que eu posso deixar de ser ranzinza...

    ResponderExcluir