quarta-feira, 27 de março de 2013

2000 a 2010 era do digital


                  Já dá pra falar a respeito desse tempo também.
          O mundo não acabou com o bug do milênio, um asteroide não nos atingiu, os Testemunhas de Jeová erraram e feio.
          O Brasil foi penta campeão do mundo numa copa oriental que aconteceu de madrugada e não empolgou tanto quanto a de 1994.
O futebol brasileiro perdeu sua hegemonia no mundo.
          Muita criança ficou chateada porque interromperam o Dragon Ball Z pra falar de um avião que havia se chocado com um prédio em Nova York.
          Na realidade foram dois aviões, o segundo foi ao vivo e todo mundo viu, também ao vivo, as duas torres desabando com a narração de Carlos nascimento.
          Osama Bin Laden foi caçado, mas virou a década mais vivo que nunca.
          Saddam Hussein não deu a mesma sorte, foi morto enforcado e transmitido via youtube, outra novidade da década: um site que passa vídeos infinitamente.
          Começaram os hits da internet. Melhor que a década anterior quando as pessoas enviavam pelo email os horrorosos powerpoints com ursinhos fofinhos, crianças fofinhas, gatinhos fofinhos, ou piadas horrorosas e virais. Sem contar as pavorosas correntes que amaldiçoavam quem não repassasse, porque o fulano não repassou e quinze dias depois o pai, a mãe, o irmão, morreu...
          Paramos de gastar dinheiro com CDs originais e passamos a comprar CDs piratas sem nenhum remorso, paramos de comprar CDs piratas e passamos a fazer CDs em casa.
          Paramos de ouvir CDs e descobrimos a extensão MP3. Num pequeno aparelho, do dia pra noite, passaram a caber mais de mil canções.
          Todo mundo aprendeu o que é um pendrive.
          Muita gente virou fã da Apple.
          Todos esperavam o próximo escândalo da Britney Spears.
          Era moda ter Orkut e pertencer a comunidades ridículas do tipo: “cago e não limpo”, “odeio meu patrão” e “sou gostosa e daí?”...
          As imagens passaram a ser Full HD.
          Lula foi o presidente da década quase toda.
          Um negro terminou a década presidindo os Estados Unidos.
          Harry Potter assombrava os cinemas.
          South Park deixou de ser um desenho idiota e passou a ser uma série inteligentíssima.
          Bob Esponja fazia o sucesso da molecada com desenhos inéditos.
          As manhãs globais ficaram bizarras com a Ana Maria Braga e seu “acorda menina”.
          Teve um show gratuito dos Stones em Copacabana e eu não fui.
          Na retomada do Rock’n Rio o cantor Carlinhos Brown, que não tem nada a ver com rock, assim como o próprio Rock’n Rio, levou várias garrafadas do público ao se apresentar no palco principal pouco antes da péssima apresentação do Guns’n Roses.
          Era moda relembrar os anos 80 e ir a festas temáticas com decoração de Moranguinho, Smurfs, Fofão. Ouvir Sidney Magal e Reginaldo Rossi.
          Sérgio Malandro passou a ser cult.
          O ritmo Black começou a assombrar as rádios de São Paulo, só não se pode reclamar muito porque na década seguinte o assombro veio através de coisas muito piores.
          Todos cantavam com o Akon a horrorosa “lonely I'm so lonely I got nobody to call my own”. Se não lembra, não vá atrás, essa música fica na cabeça e não sei nem ferrando.
          Acompanhamos com o coração na mão o último episódio de Friends, a série mais popular de todos os tempos e icônica dos anos 90.
          Fomos apresentados a Charlie Harper e vimos que Friends era uma total perda de tempo.
          As videolocadoras deram seu último suspiro.
          A TV a cabo se popularizou.
          A internet ficou mais rápida.
          O termo Classe C foi cunhado pela mídia e a frase “nunca antes na história desse país” foi repetida à exaustão.
          A 89, rádio rock de São Paulo se transformou em 89, rádio pop de São Paulo. Meu Deus do céu.
          As novelas eram Mulheres apaixonadas, América, O clone e Celebridade.
          No cinema os filmes de heróis de quadrinhos vieram com tudo trazendo a alegria para os fãs de Homem Aranha, X-men e Homem de Ferro.
          Black eyed peas foi uma das maiores bandas da década.
          A MTV deixou de ser um canal de música.
          A Rede TV substituiu a Rede Manchete um mês antes do início da década.
          Além de assistir ao Silvio Santos, Faustão e Gugu o povo começou a assistir ao Pânico na TV e a repetir como um bando de idiotas os bordões tipo “Ronaldo!” e as ridículas perseguições ao Clodovil, Carolina Dieckmann etc. e sandálias da humildade.
          Celular deixou de ser artigo de luxo e não mais ridículo atender celular dentro de ônibus coletivo.
          Câmeras digitais entraram na moda. Alguém já comprou uma Tekpix?
          Crimes foram espetacularizados e pessoas estranhas entraram em nossa vida via meios de comunicação de massa: Isabela Nardoni, Eloá, Suzane Von Richthofen, irmãos Cravinhos, Eliza Samudio, Mércia Nakashima...
          Supla e Bárbara Paz brilharam na Casa dos Artistas no SBT, com Silvio Santos.
          Houve vários BBBs e nenhuma autocrítica por parte do Pedro Bial que de repórter brilhante passou a orador de poemas esquisitões.
          As garagens começaram a se entupir de carros.
          Os seios da Mônica cresceram.
          Heth Ledger fez o melhor Coringa de todos os tempos e morreu.
          George Harrison morreu.
          Nando Reis saiu dos Titãs.
          Chico Xavier morreu e no dia do penta.
          Finalmente os Simpsons lançaram um longa-metragem.
          Seu Jorge gravou um disco improvável com a Ana Carolina.
          Gugu saiu do SBT pra fazer a mesma merda na Record.
          As bandas e cantores internacionais decadentes começaram a aportar por aqui e cobrar uma fortuna pra assistirmos aos seus shows. E nós? Pagamos.
          O que se há mais a dizer?

2 comentários:

  1. O que se há mais a dizer??? Absolutamente nada. Tudo o que existe já foi dito. Todo mundo anda cheio de opiniões e fazem questão de berrá-las aos quatro cantos da banda larga. Acho que está na hora de nós calarmos a boca...
    Abraços.

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  2. Quando eu perguntei se havia algo a dizer me referia a algo referente a década que eu esqueci.
    O seu eu-virtual tá muito nervosão... kkkkkk

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