Mais uma vez um artigo pra enfurecer a direita, enraivecer a esquerda e não fazer nenhum amigo. Mas vou dar minha opinião, quem quiser que faça o mesmo.

O que fico preocupado é que não acredito que o protesto seja pelo aumento da tarifa. Vi bandeiras de partidos de esquerda, vi playboys de Nike no pé, vi a imprensa marrom levando borrachada da polícia, vi muitos bêbados, garrafas de vinho vazias, fedor de maconha. Não fiquem chocados, também vi uma grande parcela de jovens lutando por um direito básico: o de ir e vir.
Há muito tempo que falo a meus alunos (sou professor) que uma passagem tão cara é um ataque a este direito. Mas o que me indignou de fato foi numa ocasião em que precisei pegar o metrô em São Paulo pela manhã. Me senti violentado, agredido. A lotação beirava o absurdo e a passagem a um preço pra lá de abusivo.


A falta de educação, o desrespeito pelo estado de direito que eu, como professor, sofro diariamente pelo meu contato com adolescentes sem respeito, sem limites, sem consciência do bem comum, que não veem nada além do próprio nariz, (é!) este desrespeito foi pra rua. Aliado a ele muitos, mas muitos jovens querendo, de fato uma passagem mais barata, ônibus gratuito: e é possível. (Quase aconteceu na época da Erundina, "velhos tempos").
Eu sei que existem muitas nuances numa multidão e que a polícia exagera, exagerou. Mas fala sério: ver uma repórter da Folha levando um tiro de borracha da polícia não tem preço. A Folha de São Paulo, tucaníssima, o mesmo jornal que não notícia a greve dos professores, assina embaixo tudo o que o governo tucano faz, pro bem ou pro mal. Nunca amei tanto a polícia. E todo Partido da Imprensa Golpista junto. (Três semanas de greve dos professores, 50 mil professores por semana em passeatas e nenhuma notícia publicada, apenas pequenas notas de rodapé) Imprensa livre? Onde?
Vocês levaram balas de borracha? Os jovens da periferia não tem essa chance. Foram presos e soltos uma hora depois? Alguns dos meus vizinhos jamais retornaram.
Há jornalistas que buscam a verdade e, no Brasil, são mortos, silenciados. Ontem mesmo (13/06/2013) morreu um dono de jornal alvejado com 44 tiros à queima roupa. E estão chocados com os protestos?
A polícia exagerou? É óbvio. Como quase sempre, mas vão ficar ofendidinhos por quê? Ah sei! Porque dessa vez o jato de pimenta foi na cara de um vendido, um playba, um burguesinho segurando uma câmera pra esconder mais que mostrar.

Mas prestem bem atenção: essas bombas já estão estourando nas periferias há muito tempo, dentro das escolas, nas vielas escuras das favelas. Há ônibus sendo queimados, jovens sendo agredidos e as balas não são de borracha e nenhum jornalista da Folha aparece pra se pôr entre a bala e o baleado.
É estranho o que vou dizer, mas o ônibus queimado da periferia é muito diferente do ônibus queimado na Avenida Paulista. Triste.

A classe média foi às ruas, acompanhada, mas foi. Isso talvez assuste. Mas é o que ocorre quando alguém se sente injustiçado: protestos. E é o que acontece quando o nível educacional está abaixo do nível financeiro: violência.
Em suma: o que vi foi uma reivindicação justa, feita por estudantes pequenos burgueses, apoiada por partidos de esquerda e setores outros da sociedade, reprimida violentamente pela polícia e distorcida por quem tem o poder de distorcer. Gostem ou não, é o que acontece.
Não existe almoço de graça, mas o ônibus deveria ser. Porém não é pelo ônibus que lutam os embriagados, os lideres do partido da esquerda canhota, a imprensa direitista e tacanha, a própria direita, enfim, o pessoal que aprendeu o caminho da Paulista, mas nunca o das bibliotecas.

Longe de mim querer desconstruir qualquer luta social, repito, acredito nas boas intenções de grande parte dos que protestam, mas falta a mim o convencimento. Também não quero convencer ninguém, somente quero incomodar. Pensar junto, nem sempre igual. Fazer o que qualquer militonto poderia fazer e não faz: "pensar por conta própria e parar de repetir, como um papagaio as faláceas da imprensa, da falsa esquerda, da tosca direita, do Caetano e do Lobão.
Vamos às ruas. Mas como?
É muito triste, mas muito do que eu disse continuo afirmando pelo desenrolar dos fatos.
ResponderExcluirDiscordo de partidos políticos na luta, mas eles têm que estar lá, são a via democrátia, o povo deveria se apropriar deles, a classe média agora anseia por uma ditadura, prega uma falsa terceira via, arrombam a Marisa pedindo a Marina...(trocadilho horrível)
Já surgem "pesquisas" apontando Joaquim Barbosa e marina Silva como os eleitos do povo para levar o Brasil à redenção. Pena.
Já vi setores pedindo um Obama brasileiro...
A revolução não será televisionada...