quarta-feira, 12 de maio de 2021

Éramos seis, livro pra ler bem lido...

Acabei de ler o livro “Éramos seis” de Maria José Dupré. Devo admitir que nunca me interessei pela obra e admito ainda que não sei o motivo da minha falta de interesse. Minto. Minto muito. Descaradamente. O desinteresse veio de o livro ter sido encenado em formato novelesco e pela segunda divisão das emissoras de TV, o SBT, que em se tratando de novela, talvez figure, hoje, na terceira divisão, a série C dos folhetins. 

Pois bem, li o novelão de Maria José Dupré de uma única sentada (para quem não conhece o termo: de uma única lida, de uma vez só, do início ao fim sem parar, acho que deu pra entender…) 

“Éramos seis” um livro grandioso, fabuloso, espetacular e digno da perenidade da obra, ao menos dos que frequentam bibliotecas, salas de leitura, clubes de livro, etc. etc. etc.

A narrativa em primeira pessoa de uma mãe apresentando sua família: marido e quatro filhos. Com ela, os seis da história. Sim, você sabe contar, mas importante a forma como um a um as personagens vão tomando a cena, as suas personalidades, seu envolvimento com a dinâmica familiar: o pai distante (redundantemente patriarcal - seja lá o que isso queira dizer - vá ler pra entender), o filho mais velho (típico filho mais velho - vá lá no livro, está tudo escrito e muito bem escrito por sinal), o filho meio esquecido, que todos sabem que terá um grande futuro (será?), a filhinha querida e a ovelha negra, ou o ovelha negra, seria mais adequado.

São Paulo do início do século XX retratada: a rua Angélica, a praça da República, a avenida Paulista, o Brás, a Sé… as revoluções que sacudiram a cidade e o Brasil, a mudança de costumes, os hábitos das famílias de classe média baixa, indo cada vez mais pra baixo enquanto São Paulo se desenvolve, cresce e prospera. Cada vez mais pra cima.

Não consegui evitar a comparação desta típica família paulistana com outra de outro livro, com outras agruras, da mesma época, a de Fabiano, do romance desmontável de Graciliano Ramos “Vidas secas”. 

E por que não seria? Marido, esposa, filhos, animais de estimação e um meio específico. Em ambos, a morte de um membro da família é fator desencadeador de traumas: em um dos livros o trauma é maior. Em qual deles? Leia pra saber.
Excelente leitura. 

Por que mentir que não chorei ao fim? 

Chorei muito.

Chorei sim.


Mauro Marcel


Um comentário:

  1. Livro espetacular. Mas eu li na adolescência, preciso ler novamente para redescobri-lo.

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