Acabei de ler o livro “Éramos seis” de Maria José Dupré. Devo admitir que nunca me interessei pela obra e admito ainda que não sei o motivo da minha falta de interesse. Minto. Minto muito. Descaradamente. O desinteresse veio de o livro ter sido encenado em formato novelesco e pela segunda divisão das emissoras de TV, o SBT, que em se tratando de novela, talvez figure, hoje, na terceira divisão, a série C dos folhetins.
Pois bem, li o novelão de Maria José Dupré de uma única sentada (para quem não conhece o termo: de uma única lida, de uma vez só, do início ao fim sem parar, acho que deu pra entender…)
“Éramos seis” um livro grandioso, fabuloso, espetacular e digno da perenidade da obra, ao menos dos que frequentam bibliotecas, salas de leitura, clubes de livro, etc. etc. etc.
A narrativa em primeira pessoa de uma mãe apresentando sua família: marido e quatro filhos. Com ela, os seis da história. Sim, você sabe contar, mas importante a forma como um a um as personagens vão tomando a cena, as suas personalidades, seu envolvimento com a dinâmica familiar: o pai distante (redundantemente patriarcal - seja lá o que isso queira dizer - vá ler pra entender), o filho mais velho (típico filho mais velho - vá lá no livro, está tudo escrito e muito bem escrito por sinal), o filho meio esquecido, que todos sabem que terá um grande futuro (será?), a filhinha querida e a ovelha negra, ou o ovelha negra, seria mais adequado.
São Paulo do início do século XX retratada: a rua Angélica, a praça da República, a avenida Paulista, o Brás, a Sé… as revoluções que sacudiram a cidade e o Brasil, a mudança de costumes, os hábitos das famílias de classe média baixa, indo cada vez mais pra baixo enquanto São Paulo se desenvolve, cresce e prospera. Cada vez mais pra cima.
Não consegui evitar a comparação desta típica família paulistana com outra de outro livro, com outras agruras, da mesma época, a de Fabiano, do romance desmontável de Graciliano Ramos “Vidas secas”.
Por que mentir que não chorei ao fim?
Chorei muito.
Chorei sim.
Mauro Marcel
Livro espetacular. Mas eu li na adolescência, preciso ler novamente para redescobri-lo.
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