Nossas coisas têm mais personalidades que nós e as experiências que deveríamos acumular ao longo da vida, que nos dariam a nossa personalidade, jeito de ser, pensar, amar, odiar, viver em comunidade, se esvaem.
Todos os filmes o mesmo filme, todas as viagens a mesma viagem.
Me choca mais saber que aquela camiseta do Ramones tem mais história, mais personalidade, muito mais a dizer que a garota. (Isso de uma banda punk, que a priori não quer dizer muita coisa - mas diz).
As coisas falam. Todos estão preparados para auscultar o pulsar das coisas, mesmo os frequentadores de camarote que sabem do poder da Ferrari, de um Armani, um Rolex. A Champagne. Tudo com maiúsculo, já vi Brasil escrito em minúsculo em vários lugares oficiais...
Os objetos falam. As pessoas calam.
E no meio de tudo ninguém decidindo nada, sendo decidido. Todos pensando que falam quando são falados, que pensam ao serem pensados. Uma neoescravidão, onde tudo é vendido, inclusive as boas coisas.
Em propaganda ideológica isso é chamado cooptação, que nada mais é que trazer tudo para a economia de mercado, todos.
No Brasil do salário mínimo e de fome um tênis pode custar mil reais e encontra compradores que o parcelam em dez, quinze, vinte vezes, acumulando prestações ao longo da vida. Tudo numa mesma dívida, que é óbvio, será paga com a vida.
O nome no SPC, Serasa e afins é a liberdade, assim não se pode mais comprar. É a liberdade. mas ninguém quer a liberdade do nome "sujo".
Tudo ultrapassado antes de ser pago.
Um novo modelo dever ser vendido, parcelado, quitado.
Um novo produto.
Novos mercados.
Todas as culturas a mesma cultura.
Por Mauro Marcel
Por Mauro Marcel
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