mei assim
meio tu
meio mim
to mei a meio
e neste enleio
meio inteiro
mei avesso
meio pá
meio nu
mes ma sim
to mei no cu.
Opinião, conto, fotografia, poesia, vídeos, humor, crítica e, principalmente, mas não unicamente, crônicas. Autor: Mauro Marcel - escritor, poeta e professor.

É claro que na opinião deste escutador música aqui. Mas a falta de uma lista nacional é tão ostensiva que esta pode servir de base para outras. Então? Quais são seus clássicos nacionais? Estes abaixo são os meus...
EM BREVE:![]() |
| É isso??? |
Isto significa o que está posto: em uma multidão com cem mil pessoas, no Brasil vinte seriam assassinadas em média, em Maceió cem pessoas em cem mil.
As estatísticas apontam que negros, com baixa escolaridade, moradores de periferia, são as principais vítimas. É a nossa guerra civil particular. Assuntos pouco tratados por especialistas, mais interessados em se especializar, enquanto a voz é dada aos programas vespertinos, com o pobre chegando em casa ao fim do dia e assistindo às pessoas sendo assassinadas em Full HD, quase ao vivo, repetido à exaustão, comentado à sofreguidão.
Sou muito a favor da redução da maioridade penal, mas também sou a favor de responsabilização dos pais. Cara, sou a favor de tanta coisa. Por exemplo, sou a favor de investigação e punição. E claro, policiamento ostensivo, mas que ninguém se engane, sou muito a favor de investimento maciço em educação e de uma escola não obrigatória que revolucione o relacionamento das famílias com esta, para que a única forma de os pais se relacionarem com o Estado não seja pelas fardas policiais.
Claude Levi Strauss diz em seu famosíssimo "Tristes trópicos" que saímos da infância sem passar pela adolescência, por isso a sociedade brasileira não possui em si alguns conceitos básicos tais como: leis, cidadania, ética, bem comum.
A lei deveria agir como regulador, não como controlador. A constituição não deveria ser super ego de ninguém, por isso que ao tomarmos consciência de que não haverá punição a curto prazo, agimos desonestamente, mesmo porque o reflexo das ações de nossa micro desonestidade é sentida de forma macro e nunca nos responsabilizamos pela merda transbordando nesta privada amoral e antiética.
Os canais de TV estão aí pra isso, deveriam formar e não deformar com idiotias religiosas de madrugada, imbecilidades comerciais pela manhã, trivialidades bizarras à tarde e mentiras simples e puras à noite.
Seria cômico se não fosse trágico: João matou duas crianças, se apresenta três dias depois à delegacia e sai pela porta da frente; José traficou dois quilos de maconha e passa dez anos preso; Maria atropelou Marcos e após depoimento e pagamento de multa por excesso de velocidade apenas responde por homicídio culposo; Rita roubou um uísque do supermercado e, pega, responde ao processo sem direito a fiança; o filho de Rita estupra e mata uma menina de dez anos na noite em que comemorava seus dezoito anos, no dia seguinte foi preso, mas como tudo aconteceu antes das onze da noite o menor responde ao processo numa instituição para menores, será posto em liberdade em no máximo três, bem antes de sua mãe alcoólatra ladra de uísque.
É do senso comum a crença de que político no Brasil não responde aos crimes que comete. E deveria. Mas no Brasil quase ninguém responde aos crimes que comete. Uma sociedade imatura e doente, é o que somos. A cura precisa chegar logo, porque a maioria de nós será idosa no futuro, e imagine como uma sociedade como esta tratará seus velhos. Falo em causa própria, também serei velho neste futuro, se não morrer vitimado por esta violência urbana bem antes, afinal, todos estamos nesta multidão enchendo este estádio de cem em cem mil.
Estudando a história do combate ao tráfico de drogas no mundo percebo que anteriormente ao século XX não havia violência urbana significativa relacionada a esta questão, a violência era relacionada à questões sociais como luta por melhores salários, condições de trabalho e vida. Os sindicatos trabalhistas eram os maiores perseguidos.
O tráfico de drogas apenas fez parte do pacote que proibiu o consumo do álcool, maconha e demais drogas. O álcool perceberam de pronto que não conseguiriam, assim como não conseguem com as demais, mas enquanto o álcool era consumido por todos, a maconha tinha no povo negro o maior mercado consumidor. Isto mesmo: a origem da guerra ao tráfico é o preconceito racial.
Mas foi o que já disse em outro artigo deste blog: sempre há alguém ganhando com isso. Se pergunte quem ganha com a violência, a resposta é óbvia: empresas de segurança, armas, o tema principal da próxima eleição que servirá de plataforma para eleger algum sacana que não está nem aí com o que aconteceu com as milhares de Isabelas Nardonis ao redor do Brasil inteiro.