Aumento salarial: aumentar o poder de compra do
trabalhador.
Os professores das escolas estaduais de São Paulo não têm aumento salarial há quase
duas décadas e o reajuste que houve aconteceu parcelado em três vezes dividido
em três anos e não repôs as perdas da inflação já que durante todo o governo
tucano (e não apenas) não houve reajuste.
Isto é, os professores estão ganhando mal, e menos
do que recebiam ano passado, menos do que ano retrasado, e assim
sucessivamente.
O governo alega que estabeleceu um plano de
carreira, porém neste plano o professor só recebe aumento se for aprovado numa
prova, até aí tudo bem, nós aplicamos prova, não temos medo disso não; porém os
critérios de correção são obscuros, e se for aprovado na primeira prova tem de
tirar nota maior na próxima, e na próxima e na próxima. Assim: tirou seis na
primeira tem de tirar sete na segunda, oito na terceira, nove na quarta e dez
na última e só pode fazer a prova a cada três anos, se não mudar de escola e
outros critérios absurdos que impossibilitem o verdadeiro aumento salarial dos
responsáveis pela educação dos filhos dos trabalhadores paulistas. (Lembrando que os aprovados na prova do ano passado ainda não receberam o tal aumento).
O governo também dividiu os professores em
categorias, então divididos, os interesses de um grupo acaba não sendo o de
outro. Portanto é compreensível que alguns professores se sintam coagidos a não
fazer greve, “dividir para conquistar” essa frase é bem antiga.
A greve prejudica os alunos que ficam sem aula e os
professores que não recebem seus salários e ficam com suas fichas comprometidas
(não poderão fazer aquela provinha para receber o aumento, não receberão licença
prêmio, não receberão bônus etc.).
Porém, isso não é desculpa para se aceitar o
desmantelamento do sistema educacional paulista: as escolas estão recebendo
menos ou nenhum recurso inclusive para artigos de limpeza, a contratação de
eventuais havia sido congelada (agora com a greve foi liberada), há um grupo de
professores (categoria O) que estão proibidos de pegar aula esse ano, estão
cumprindo algo chamado duzentena, quer dizer, deram aula por um período agora
estão proibidos de entrar em sala de aula, ao menos durante os próximos
duzentos dias letivos (greve é ruim para eles? ficar proibido de exercer a
própria profissão é o quê?).
Também odeio momentos como este, o ideal seria ir
para a escola, cumprir nossas obrigações e fazermos um país melhor levando
educação à população que mais precisa. Mas acredito que seja parte da
construção de um país melhor a reivindicação do que é de direito.
Quantos professores vocês conhecem que tem de
trabalhar em mais de um emprego para compor o orçamento e conseguir manter sua
família? Então, isso faz parte da destruição da carreira de professor, todos
deveriam pensar muito antes de pensar que está tudo bem, ignorar os
problemas e ir levando a vida.
Não querer estar em greve é um direito, mas
desconstruir um movimento que vai muito além de interesses pessoais é, no
mínimo, falta de ética profissional. Lembrando que há um congresso com mais de
trezentos pilantras unidos para meter a mão no dinheiro público, mas quando se
quer unir a base da pirâmide social não se obtém o mesmo êxito. Ou seja, os
ricos se unem para f**** com os pobres, nós, os pobres nos unimos para aceitar
ser f*****...
Ficar em casa reclamando do governo é fácil, que tal
fazer alguma coisa agora? O que você vai dizer para as futuras gerações quando
disserem que houve greve na sua escola e que te chamaram pra participar? Você
vai se orgulhar mesmo das atitudes que tomou?
Todo o apoio à greve dos professores de São Paulo.