quarta-feira, 3 de abril de 2013

Amor


Quero ter o teu amor
e os prazeres desta vida
ter da sua boca a goles
tua tez encanecida.

Tuas partes, todas elas,
sua voz doce, atrevida
sempre urgente e nas beiradas:
peitos, braços, coxas, nádegas.

Quero ver você, bem velha
Possuí-la em minha cama.
Vivo, morto, nesta terra
me libero ao que não cansa.

Quero beber no teu copo
teu espírito todinho,
numa noite de prazer
me apossar devagarinho.

Quero ser o que na vida
modifica os indícios.
Ser seu macho, seu capacho,
seu poeta, seu vinícius.

Toda vez que me olhar
quero que me desrespeite:
que me traia devagar
Num carnaval sem confetes.

Quero estar sozinho – e nunca
percebê-la acompanhada.
Quero que morra comigo
rumo ao inferno, rumo ao nada.

Toda tarde em minha casa
me abandone, escravizado.
Toda noite na tua casa
no portão, abandonado.
 
Quero ser aquelas flores
que te dei e jogou no lixo.
Perfumar o resto, a sobra,
o peixe podre, o ovo frito.

Quero estar na tua pele
totalmente tatuada.
Ser o sangue que em tu brotas
quando estás resignada.

Numa madrugada insone
te acordar com mil pedidos,
pra que mate a minha fome
de amor e de gemidos.

Feriados chegarão
e estarás no teu trabalho.
Chingarei o teu patrão,
me humilhará com teu salário.

Toda vez que no cinema
Com chiclete ou com pipoca:
sentaremos lado a lado
e na tela uma bosta.

Quero muito a sua pele,
sua saliva, seus, meus gritos.
Acordar a vizinhança,
ver vibrar o seu espírito.

De mãos dadas morreremos
Já velhinhos, eu espero.
Esculhambar os quadrados,
que se fodam os modernos.

Se no umbral nos encontrarmos
tente curar minhas chagas.
Nisso não haverá prazer:
só enxofre, fogo e nada.

Quero ser o seu capacho
seu poeta, seu vinícius.
quero estar eternizado
neste encontro de dois vícios.

2 comentários:

  1. Muito criativo, intenso, apaixonante, exacerbado.

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  2. Obrigado pelo comentário.
    E muito mais agradecido pelos elogios.
    Grande abraço!

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