segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Senso comum: Água mole em pedra dura tanto bate até que fura"

Água mole em pedra dura às vezes não fura. Ficar martelando ideias sobre as pessoas pode até torná-las mais céticas sobre o que se quer convencer. Pessoas não são pedras. Pessoas são mais lindas.

Senso comum: "Não está conosco está com o governo."


Estar contra quem está contra o governo não quer dizer que se é conivente com o Estado, quer dizer que aquele que é contra o governo pode ser tão merda quanto a situação.

Senso comum: "O que não mata fortalece"

O que não mata nem sempre fortalece: estupro infantil, tetraplegia... Algumas coisas não têm lado bom.

Senso comum: "O sol nasce pra todos"

Idiotas os que dizem que o sol nasce pra todos sem se preocupar com o local em que as pessoas estão quando ele nasce.
Blogarei por lá em janeiro...

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Drops rock 47 - A Galeria do Rock (parte 2)

Poeta pobre (meu primeiro poema utilizando métrica)

Que não venha a rima rica
a um poeta vil e pobre
e não venha adorno e luxo
se o sentimento é nobre.

Tenho todas estas dúvidas
e somente uma certeza:
"ter neste ouvido a fria música
e na boca a língua presa".

Por isso oh! meu amor
seja alegre e seja triste,
esteja à toa no caminho
seja a vida o que persiste.

Noite adentro neste mundo
mergulhado em louca dor
cada vez indo mais fundo
enlaçado em seu amor.

Minha caricatura...

Não sei se ficou parecido...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

USP, Zorra Total e polidores de maçãs

     Foi com sarcasmo que recebi a informação de que há acadêmicos da USP interessados (minto, interessados não, preocupados). Melhor começar de novo.
     Foi com sarcasmo que recebia informação de que há acadêmicos da USP preocupados com o teor das piadas racistas, classistas, machistas, reacionárias e grossseiras de certos humoristas stand up, apresentadores de talk show, organizadores de eventos humorísticos e donos de casas de humor.
     Há algumas semanas li na internet a opinião de algum desocupado mental com um quadro humorístico de um programa de uma emissora imbecil. Não vi o programa e o quadro, mas li a crítica, nela há a acusação de que o comediante falseia a história do Brasil, "ensina" falsos conceitos e é racista ao falar de nossa trajetória.
     Críticas desta espécie apontam que há, por parte dos humoristas, o desconhecimento da história brasileira, desrespeito às minorias e ultraje à memória dos que foram, ao longo de séculos, explorados.
     Dá pra saber muito do caráter de um ser humano pelos motivos que o fazem rir, chorar e gozar.
     E críticas ao caráter xenófobo, machista, etc. de atores de comédia como Danilo Gentili e Rafinha Bastos ocultam por trás da aparente luta em defesa das minorias algo muito maior: o baixo nível da educação formal do brasileiro aliado a uma cultura homeostática e conservadora, presa a um modelo católico europeu impossível de ser seguido em terras tupiniquins. Isso e a nossa história autoritária, colonização forçada e ainda os últimos anos de formação escolar stalinista.
     Não fique triste amigo da esquerda, estou mais à esquerda que você, mas deixe-me seguir verticalmente neste artigo.
     Aristóteles conceituou em sua Poética os elementos que qualificam um bom texto e nele (parafraseando) está que uma criação poética é de  qualidade quando atende aos objetivos à que se predispõe.
     Se a intenção do escritor é fazer rir e o público riu, sucesso.
     Se é fazer chorar e choraram, excelente.
     Dentro deste universo (limitado ainda) temos o sucesso de Gentili, Bastos e outros tantos. Mesmo eu não rindo, há quem ria, senão não estariam na TV, Internet, rádio, tablets e celulares.
     Programas como "Zorra Total" e "A praça é nossa" fazem o público rir com piadas deste gênero há muito mais tempo. Fazem rir? Sei lá!
     Você já riu com o Jeca Gay do Moacir Franco? Por que ninguém levantou uma tese contra o quadro do "Canarinho" ao telefone sendo agredido por um troglodita? Tião Macalé, Mussum, Vera Verão, o Café Bola Branca do Chico Anísio. Racismo? Pode ser.
     Algum grupo de proteção aos idosos processou o Alberto de Nóbrega pela Velha Surda?
     Algum grupo de proteção LGBT se levantou contra o "Olha a faca" do Zorra Total?
     Será que a Luiza Mel se ofende quando a mocinha da novela chama o canalha, bandido, vilão da história de cachorro?
     Discursos anti humoristas desconstroem o saber, não querem entender e se recusam a ver que o grande problema não é o esgoto televisivo ou o esgoto humorístico.
     Pensando assim surge o esgoto acadêmico: seres que se sentem os eleitos, prontos a utilizar a ferramenta errada para o material errado.
     Em quais elementos de crítica cultural, artística, estética, teatral, literária e poética foram baseadas as críticas? Fazem a leitura sociológica talvez filosófica...
     Crítica não é um samba do criolo doido*, deve-se utilizar parâmetros adequados para a análise de forma e conteúdo, mas no Brasil até os convidados do Faustão tem vez, voz e aplausos quando opinam.
     Talvez por isso que intrometidos de qualquer área se julga crítico e defecando verbalidades condenam livros, peças, filmes, discos, pessoas e até piadas.
     *O termo samba do criolo doido foi proposital. Expressão criada e difundida por Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, maravilhoso cronista que, é claro, teria sérios problemas com esse povo de hoje.
     Quando vejo um acadêmico da USP criticar um humorista stand up sinto-me como o observador vendo um pescador utilizar um arpão pra pescar uma sardinha. Mas não é bem assim.
     O acadêmico brasileiro, em geral, lê pouco e produz menos ainda. Lê, em média, dois livros por ano, então o academicus brasilis é mesmo um pescador de sardinha.
     Ele não se nivela ao humorista, já está nivelado por formação; quando entra no embate fica abaixo.
     E um artigo como o meu, que não tem nem a pretensão de ser lido, serve apenas para enfurecer o iracundo "estudioso".
     Dirá ele: "se não está conosco está contra nós", "é um reaça", "um direitista esse safado", "é um conservador".
     Fato: busca desqualificar o orador no lugar de  desqualificar os argumentos. Típico de nosso academicismo de araque que sempre privilegiou os polidores de maçãs
     Mais um fato: não há nada mais revolucionário no mundo que o pensamento.
     Outro fato: a televisão é um esgoto no mundo inteiro e também no Brasil.
     Por que ninguém critica o fato de uma concessão pública, com obrigações jornalísiticas e informacionais passar toda a madrugada e grande parte do dia programas religiosos, dogmáticos, racistas, machistas, xenófobos?
     O Danilo Gentili tem um programa minúsculo enquanto o tio religioso do chapelão está a todo momento em vários canais, elegendo deputados, alterando leis contra gays, negros, mulheres, contra os interesses de grande parte dos brasileiros, minorias ou não.
     Sabe por que ninguém critica os programas religiosos? O desinteresse surge como um bom chute, mas outros interesses é o mais provável.  Optaria por uma terceira via, a ignorância.
     Ignorância de ignorar. 
     Ignorar que a TV é uma concessão pública e deve informar e formar.
     Ignorar dezenas, centenas de horas religiosas e nenhuma informação. Perto disso o que é criticar ao Pânico,  Zorra e Agora é tarde?
     Deixa eu entender: os religiosos se organizam, conquistam a mídia, atravancam leis liberais e o grande problema é a piada da mulher do leite materno?
     Cortina de fumaça.
     Estão levando piada a sério e concessão pública na graça.
     Os canais 2, 4, 5, 7, 9, 11, 13, etc. pertencem a mim. Eu sou o povo e isso me pertence, pois este é o significado de República.
     Absurdo haver mais que metade da programação diária de um destes canais voltada ao culto de uma só religião: a neo pentecostal.
     Em contrapartida os ditos acadêmicos ignoram o fato e criticam os humoristas, em adição a isso os representantes do poder público não cumprem a obrigação de analisar os conteúdos e exigir diversidade, num ciclo vicioso e feio a crítica vem em quem faz piada (mesmo sem graça) e não aos criminosos.
     Criminosos sim. Quem não cumpre a lei incorre em crime, quem o pratica um criminoso.
     E antes que digam que sou contra os evangélicos, digo: vá estudar! Estou jogando a culpa nas empresas de comunicação (ao menos esta parte da culpa).
     Sou a favor de todas as liberdades individuais, inaceitável é o uso de uma liberdade interferir na minha, aos meus, aos seus.
     Adoro poesia, mas doze horas de poesias em cinco dos sete canais ao longo de toda a noite? Bom? Não. Ataque à liberdade de escolha.
     Onde estão os programas sobre candomblé, espiritismo, literatura, ópera, jazz, chorinho, samba de raiz, sertanejo (o de verdade)?
     Resumindo minha posição: sou totalmente a favor da crítica às piadas preconceituosas, só entendo que isso faz, fez e sempre fará parte do humor popular e acredito na liberdade e esta vem com responsabilidades.
     Não à toa dois dos humoristas aqui citados enfrentam processos. O nome disso é democracia. Comediantes enfrentam processos no mundo inteiro, faz parte da profissão. Assim como diziam dos jornalistas nos anos 70, hoje é tudo chapa branca.
     Resolver os problemas com slogans é próprio de uma cultura que nunca atingiu aos livros. Não os lê e não sabe discutir as ideias neles contidos.
     É claro. Discutir "pseudo piadas" é mais fácil que discutir conceitos.
     Também mais fácil que discutir a problemática de todo um país que tem como fonte primária de informação a TV e o Facebook. Isso sim problemático e profundo.
     No mundo inteiro está havendo uma descolação das pessoas às suas raízes, uma espécie de autismo social que não nos faz ver além do que aponta nosso próprio nariz. São os discípulos de Steve Jobs.
     Há uma questão bem mais grave, há várias gravíssimas.
     Faz parte da história do mundo as piadas de gênero e afins, devemos vigiar e atuar contra os abusos e nos libertar deste complexo de vira lata que não nos permite ter um programa sequer de excelência como "It crowd", "Little Britain", "Family guy", "South Park" e "Breaking bad" etc. Que não existem por aqui por utilizarem de um humor que é proibido na TV aberta. Porque nestes canais o que pode já pôde há mais de cinquenta anos ao redor do mundo inteiro.
     É nossa cultura homeostática em que tudo deve estar em seu lugar. O novo nunca chega, o presente sempre igual e o passado morto e enterrado.
     Discutir o conteúdo do humor enquanto o religioso se organiza, doutrina, mitifica, elege, reprime e oprime é estranho. Não enxergam nada além das próprias fuças e nem disso cuidam corretamente.
     Curiosa nossa mania de emitir opiniões após um vídeo, uma imagem, um post do face... Nunca há espaço ou saco para a argumentação. Desde que o mundo é mundo: opinião sem argumentos é boato. Buscar argumentos é uma tarefa árdua, envolve tempo, trabalho e muita intelecção. 
     Mas isso não é engraçado.

Por Mauro Marcel
       

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Perguntar não ofende: celular...

Por que toda vez que eu vejo alguém vidrado no celular fico pensando nos índios que receberam os espelhos dos portugueses em 1500?

terça-feira, 5 de novembro de 2013

vicia

O prazer do vício – Por Carolina Vila Novavodca, aguardente
cerveja, crack
cafeína

lança perfume, coca cola
facebook, sexo
cocaína

café, video game
tabaco, sangue humano
melanina

solidão, ilusão
maconha, açúcar
adrenalina

corante, expectorante
pôquer, apple
heroína

motorola, porntube,
cce, baralho
nicotina

icq, rpg
lg, youtube
menino novo e menina

filho, filha
twitter, redtube
tubaína

êxtase, religião
ateísmo, egoísmo
aspirina

lsd, crença
ceticismo, haxixe
subtramina

televisão, orkut
download, música
endorfina

anabolizante, acidulante
google, microsoft
caipirinha

futebol, samsung
poder, consumo
poesia

Perto do beijo

dentro do vento
caio
perdido nas nuvens raio

esquecido na história
saio
transformado, restaurado: balaio

colado na língua
ágil
solto meu desejo frágil

perto do beijo
distraio
dentro da boca desmaio

domingo, 3 de novembro de 2013

Perguntar não ofende - Sem assunto

Por que antigamente quando ficavam sem assunto calavam a boca e hoje ligam o Facebook?

Confúcio, vacinas e Narciso

           De onde vem a verdade?
       Desde muito jovem tive uma curiosidade enorme sobre as coisas e uma timidez escandalosa em declarar minha ignorância em relação ao que fosse. Daí o meu silêncio. Nunca admitiria não saber de algo, ainda mais quando via meu pai falastrão tão sabedor dos rumos do Brasil, Plano Cruzado, Plano Bresser; o padre tão saber dos rumos de minha alma após minha morte; os meus primos e irmão mais velhos tão sabedores de tudo antes de mim, tratando-me por idiota por nunca ter feito tudo o que “faziam” (entre aspas assim, porque eles faziam o que as crianças mentiam fazer, seria tão bom voltar no tempo e saber de certas coisas – das mentiras deles e de todos, por exemplo).
         Faz parte da infância de todos o convívio com o saber. A forma como cada um lida com o conhecimento, alimentando-se dele ou vivendo em completo estado de inanição intelectual.

          Numa palestra do Rubem Alves o ouvi dizer que ensinar era um ato de amor, então eu digo que forçar alguém a aprender é como um estupro. Ninguém deveria ser obrigado a fazer nada, mas forçar alguém a aprender não é um estupro.
           Senso comum: uma caneta é bem mais leve que uma pá, ou uma enxada, e bem menos gorduroso que passar o resto da vida fritando hambúrgueres atrás duma cozinha fast food.
            A verdade vem de todos os lugares, mas só vem se acompanhada de contemplação, ócio, pesquisa, trabalho, intelecção, busca, crítica, dúvidas e uma grandiosa dose de ceticismo.
        Nossa história católica nos ensinou desde há muito que devemos ter fé, mas foram pessoas com dúvidas que criaram vacinas, penicilina, transplantes, aviões, viagens espaciais, entre outras “maravilhas” que nos aumentou os anos de vida e o espaço de tempo entre parto e morte, propício para as dúvidas.
         Inclusive duvidar dos que inventaram tudo o que citei, de suas intenções, seus valores; assim como aprendi instintivamente a duvidar das verdades de meu pai, padre e primos.

       Valorizar o conhecimento é importante num país tão avesso a escolas, local em que a primeira universidade de estrutura acadêmica foi fundada apenas na década de 30 do século XX, a primeira impressora trazida no século XIX e os livros proibidos antes disso. Os padres eram funcionários pagos pelo tesouro nacional, portanto funcionários públicos, tínhamos uma religião oficial e tudo isso nos deixou profundas marcas.
          Lembro de perguntar à minha mãe porque não podíamos nadar depois de almoçar, comer manga e beber leite, olhar no espelho depois das seis da tarde, abrir a geladeira depois de tomar banho quente, falar palavrão na quaresma, dormir sem camisa, e pra tudo a resposta era a mesma: “Faz mal”. Nunca perguntava nada, já sabia a resposta.

         Por uma anomalia do destino me interessei pelos livros e comecei a achar as minhas próprias respostas nas folhas tingidas escritas por pessoas que já haviam há muito morrido, outras estavam vivas.
            Até hoje me lembro do primeiro escritor que conheci pessoalmente: Luis Marinho, meu professor de português da sexta série, escreveu o livro de poesias “Reamanhecência”, o título ainda me martela a mente, assim como possibilidades do paradeiro do professor poeta, que nunca mais vi ou ouvi falar. Apenas a lembrança de suas aulas medianas, o livro que escreveu e nunca li e o cheiro de álcool vindo de seu hálito quando se inclinava para explicar a análise morfológica.
           Duvidar é aprender. Mas pra duvidar é preciso aprender. O problema do jovem brasileiro (um dos) é que, cortando etapas, busca duvidar de tudo antes de aprender. Não lê e argumenta e como não tem argumentos porque não lê parte para o confronto rasteiro, como não entende os argumentos que são contra ele dirigidos prefere a saída dos fracos, a desqualificação de tudo aquilo que não consegue compreender.

            É comum nas escolas públicas argumentos do tipo “eu não gosto de inglês, bom mesmo é espanhol” (é bom ou mais fácil?). Assim mesmo, para os que falam a língua portuguesa o espanhol quase não é uma língua estrangeira. Bom mesmo seria aprender as duas e mais que isso e tudo o que fosse possível aprender na escola.

        Não à toa os professores com maior nível de stress nas escolas são os de ciências exatas, os de Educação Física surfam por outros caminhos. A matemática é desqualificada, dizem que não precisam. “Nunca voltarão a fazer uma equação de segundo grau fora da escola”. Argumentos assim.
       E gestores públicos (que já foram alunos) aceitam os argumentos e põe em prática um processo de destruição do conhecimento: dizem que as aulas tem que ser divertidas, que os professores precisam aprender com os alunos, que o celular é uma ótima ferramenta que tem que ser bem utilizada, que o aluno tem que ser escutado em todos os momentos porque é a figura central do processo ensino/aprendizagem, que é preciso olhar para o aluno e aceitá-lo, falar sua língua... discursos vazios ao infinito.
         Todos esses discursos populistas e demagógicos entoados por quem não entende nada de educação, interessados em agradar, inutilizar, imbecilizar as pessoas para que continuem comprando, seguindo e acreditando. Shoppings, políticos e religiosos juntos. Esquerdas e direitas. De mãos dadas. Todos na mesma comunhão.

      Nenhum dos argumentos acima, utilizados por gestores “libertários”, professores “moderninhos”, políticos salafrários, religiosos mal intencionados. Nenhum dos argumentos se sustenta. O aprendizado verdadeiro é lento, chato e solitário. Mas é a única saída da miséria que se vive e que se continuará vivendo no país de faz de conta.
         Todos sabem dos problemas da educação, muitos já tentaram fazer alguma coisa. Desistiram. Deram as escolas para os alunos, para as igrejas, para as empresas de telecomunicação.
      Todos têm mais importância que o professor, que não está lá pra aprender, está pra ensinar: matemática, física, química, biologia, línguas, história, geografia, etc... Neste caminho, ensinando, também aprende. Mas ensina porque sabe.
          O discurso da mídia de que o jovem pode ensinar muita coisa é profundamente demagógico. Todo ser humano tem muito a ensinar, esta é grande viagem humana, a beleza da individualidade.
          As relações humanas são assim. O jovem brasileiro é criado num universo escolar fascista porque vai pra escola pra ouvir o próprio discurso. Se até os anos 90 a luta era contra o professor reproduzindo o discurso fascista do governo, hoje o professor luta contra os alunos reproduzindo o discurso fascista da mídia e do livre mercado.

        "Narciso acha feio o que não é espelho."
       O professor pedindo silêncio, gritando, sem voz... Esta é a relação que a maioria dos brasileiros tem com o conhecimento. A educação coordenada pelos veículos de massa, a valorização do eu sem eu. A farsa da liberdade.

       A escola de periferia deixa o menino livre enquanto criança, para ser um escravo das mega corporações durante toda a vida. Enquanto isso o aluno da escola particular de qualidade é maltratado, judiado, pisado, disciplinado, para que no futuro seja livre e patrão do pobre da periferia.
         O discurso que legitima a liberdade na escola opondo-se à disciplina só serve aos interesses da classe dominante, é um discurso de esquerda servindo à direita – a esquerda canhota.

       Confúcio separa o mundo em pessoas que sabem e sabem que sabem – mestres; pessoas que não sabem e sabem que não sabem – futuros mestres; e pessoas que não sabem e pensam que sabem – idiotas.
        Deve-se seguir os primeiros, ensinar os segundos e fugir dos terceiros.
        No Brasil, os primeiros são desrespeitados, os segundos humilhados e os terceiros exaltados.

Por Mauro Marcel