sábado, 30 de março de 2013

Anos 70 - Fede a petróleo (by Fábio Sant' Anna)


 Entusiasmei-me com os saudosos textos escritos pelo meu amigo Mauro Marcel versando sobre o que foram as últimas décadas, o que despertou em mim uma enorme vontade de falar da década de 1970, e lá vou eu...
 Eu estava lá, ainda que na metade dela, mas podia ouvir do ventre  Creedence Clearwater Revival cantando Have You Ever Seen the Rain... 

   O Brasil foi campão mundial no futebol já no início da década. E o Corinthians paulista sairia do jejum de títulos depois de 23 anos e alguma coisa... em 1977...
   Nem todo mundo tinha televisão ainda mais ia assistir na casa do vizinho. Se a televisão fosse colorida então... era um desbunde. As novelas que "bombaram" eram  Selva de Pedra, Saramandaia e principalmente O Bem Amado que falava de nossos políticos como se fosse hoje!
   Tem gente que diz ver fantasma do Edifício Joelma até hoje, e do Andraus idem.
   Os sambistas não usavam terno salmão nem pintavam o cabelo de amarelo, mas exaltava o verde-amarelo nas músicas como Aquarela Brasileira de Martinho da  Vila ou Charlie Brown de Benito de Paula.
   Tinha até sambista mulher, como Clara Nunes, Beth Carvalho e a "marrom" Alcione. 
   
Outras mulheres no samba eram as mulatas do Sargentelli.
   Falava-se muito da Transamazônica, do BNH, do milagre econômico, coisas saídas das bocas de políticos que ainda rondariam por muito tempo nossas vidas como Delfim Netto e Paulo Maluf.
   Militar era uma carreira promissora a se seguir. E nas escolas a gente tinha que pintar duas faixas verde e amarelo no canto da página do caderno.
    Educação Moral e Cívica era ensinada em sala de aula junto com outra matéria chamada  OSPB.

   Ninguém ouvia falar de tortura nem de gente desaparecida, coisa que se tornou muito comum três décadas depois. 
    A discoteca dominava os salões de dança, tanto que Dancin  Days, a novela, tornou-se uma coqueluche nacional, trazendo de rabeira gente como Dudu França, Sidney Magall, as Frenéticas, as Patotinhas e essa patota toda...
   Tinha muito programa de rádio que era líder de audiência na rádio AM como Gil Gomes, Barros de Alencar, Zé Betio  e a Volta do Sucesso. 
   Mesmo na televisão os programas de TV bregas eram bregas autênticos como Chacrinha, Bolinha e que tais. 

   Não existia vídeo game, mas existia muito brinquedo da Estrela.
    A gente calçava Kichute e vestia calça boca-de-sino...
    Bebia Groselha vitaminada Milani ou Crush.
     E se divertia com os inúmeros desenhos de Hanna-Barbera que se não tinham a mesma qualidade tecnica que as animações da Disney eram cem por cento mais engraçados.
      Nâo se via  nenhuma mulher de bunda de fora apresentando programa infantil, só uns bonecos de uma Vila Sésamo bem mais educativos que qualquer bunda celulítica. 
   Se nem todos tinham TV o que dizer então de TV a cabo?  Assistíamos as séries americanas com uma década de atraso pelo menos, como era com  A Feiticeira e Jeannie é um Gênio. 

   O Cinema brasileiro encolheu e ficou relegado às pornochanchadas, que foi até muito bom por outro lado. Tinha um programa na TV Record que apresentava essas pérolas chamado Sala Especial,  e fazia a cabeça dos moleques que não tinham nem dinheiro nem coragem de comprar revista pornô nas bancas. 
   Mas  um pessoalzinho  se arriscava comprando os "catecismos" de Carlos Zéfiro. 
   Ter um automóvel confortável era possuir  uma Brasília ou mesmo uma TL que mais me lembra uma barata. 

   Elvis morreu no final da década e com ela o Regime Militar, a discoteca, a crise do petróleo, mas o infame programa Semana do Presidente ficou ainda por alguns anos.
   As rádios FMs surgiram e com elas a música de elevador. 
  
É claro que ainda temos resquícios desses anos de chumbo, como A Voz do Brasil, alguns politiqueiros dinossauros, Sílvio Santos, o discurso de o Brasil ser o país do futuro e coisas do gênero. 
   Quem sabe daqui a alguns anos possamos nos orgulhar de
tentarmos congelar essas imagens... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário